Miguel Bonneville
Miguel Bonneville
No items found.
Portugal
Portugal
©Miguel Bonneville

(Porto, Portugal 1985)

Artista transdisciplinar que cria obras autoficcionais, centradas na desconstrução e reconstrução da identidade, explorando questões de género, morte e espiritualidade, em múltiplas linguagens artísticas, incluindo escrita, música, vídeo e performance. Desde 2003, tem apresentado o seu trabalho nacional e internacionalmente, sobretudo os projectos seriados Family Project, Miguel Bonneville e A Importância de Ser.

Recebeu o Prémio da Rede Ex Aequo (2015) pelos espectáculos Medo e Feminismos, em colaboração com Maria Gil, e A Importância de Ser Simone de Beauvoir.

Estudou Interpretação na Academia Contemporânea do Espectáculo (2000-2003), Artes Visuais na Fundação Calouste Gulbenkian/Programa Criatividade e Criação Artística (2006), Autobiografias, Histórias de Vida e Vidas de Artista no CIES-ISCTE (2008), Arquivo – Organização e Manutenção no Citeforma (2013), Cyborgs, Sexo e Sociedade na FCSH (2016), e Filosofia e Arte na Mute (2017), entre outros.

Fez parte da Direcção Artística do Teatro do Silêncio (2018-2023), do núcleo de artistas representados pela Galeria 3+1 Arte Contemporânea (2009-2013) e da Eira-dança contemporânea (2004-2006). Realizou filmes como Camera Obscura (2023), Um medo com duas grandes faces (2022), Traça (2016), entre outros. E foi financiado pelo Apoio à Escrita e Desenvolvimento de Obras Cinematográficas 2021 – ICA para desenvolver o argumento da longa-metragem de ficção Paisagem com pássaros amarelos (2021-2023). Publicou livros como Ensaios de santidade (Sr. Teste, 2021), O pessoal é político (Douda Correria, 2021), Livro do Daniel e outros textos (Urutau, 2024), e ainda as edições de artista Jérôme, Olivier et moi (Homesession, 2008), Notas de um primata suicida (2017), Dissecação de um cisne (2018), Lamento do ciborgue (2021), e Câmara escura (2022).

http://www.miguelbonneville.com/

 (Porto, Portugal, 1985)

Transdisciplinary artist who creates autofictional works focused on the deconstruction and reconstruction of identity, exploring issues of gender, death, and spirituality across multiple artistic languages, including writing, music, video, and performance. Since 2003, he has presented his work nationally and internationally, notably the serial projects Family Project, Miguel Bonneville, and The Importance of Being.

He received the Rede Ex Aequo Prize (2015) for the performances Fear and Feminisms, in collaboration with Maria Gil, and The Importance of Being Simone de Beauvoir.

He studied Acting at the Contemporary Performing Arts Academy (2000–2003), Visual Arts at the Calouste Gulbenkian Foundation/Creativity and Artistic Creation Programme (2006), Autobiographies, Life Stories, and Artist Lives at CIES-ISCTE (2008), Archive – Organisation and Maintenance at Citeforma (2013), Cyborgs, Sex and Society at FCSH (2016), and Philosophy and Art at Mute (2017), among others.

He was part of the Artistic Direction of Teatro do Silêncio (2018–2023), the core of artists represented by Galeria 3+1 Arte Contemporânea (2009–2013), and Eira – Contemporary Dance (2004–2006). He has directed films such as Camera Obscura (2023), A Fear with Two Large Faces (2022), Traça (2016), among others, and was funded by the 2021 Support for Writing and Development of Cinematographic Works – ICA to develop the screenplay for the feature film Paisagem com pássaros amarelos (2021–2023).

He has published books including Ensaios de Santidade (Sr. Teste, 2021), O pessoal é político (Douda Correria, 2021), Livro do Daniel e outros textos (Urutau, 2024), as well as artist editions Jérôme, Olivier et moi (Homesession, 2008), Notas de um primata suicida (2017), Dissecação de um cisne (2018), Lamento do ciborgue (2021), and Câmara escura (2022).

http://www.miguelbonneville.com/

Laboratório:
Laboratory:
Espetáculo:
Show:
©Miguel Bonneville
Projeto
Animais Paisagens e Santos
Project
Animals, Landscapes and Saints

O que é, ou pode ser, um santo hoje? serve como impulso para uma reflexão sobre formas de resistência ética, espiritual e comunitária perante as múltiplas crises do nosso tempo: ecológicas, sociais, afectivas e políticas.

Projecto de investigação artística que parte de uma indagação: o que é, ou pode ser, um santo hoje? A pergunta, que ecoa uma citação de Simone Weil — “Hoje ser santo não basta. É preciso a santidade que o momento presente exige, uma santidade nova, também ela sem precedentes” —, serve como impulso para uma reflexão sobre formas de resistência ética, espiritual e comunitária perante as múltiplas crises do nosso tempo: ecológicas, sociais, afectivas e políticas.

O projecto inscreve-se numa prática artística transdisciplinar que cruza conferências-performativas, escrita, cerâmica, desenho e instalação, e investiga os modos como o sagrado, o animal e o território se cruzam nas formas contemporâneas de existência e criação.

Iniciado oficialmente em maio deste ano com as exposições ‘Agonia no jardim’ (Estúdios Victor Córdon, Lisboa) e ‘Gemido sobre as pedras’ (Livraria aberta, Porto), assinala o início de um novo ciclo no meu percurso: um afastamento temporário das práticas performativas e uma aproximação ao gesto material e ao trabalho de estúdio — nomeadamente através da escrita, da cerâmica e do desenho.

A ideia de uma possível comunidade de santos – não enquanto figuras canonizadas, mas enquanto exemplos de resistência, de entrega, de desvio e de desobediência – serve como motor especulativo e imaginativo. Penso neles como activistas, cuidadores, dissidentes. Penso também em animais, plantas, corpos marginalizados. Quero aprofundar esta pesquisa através da escrita e de outras possíveis experimentações práticas, tentando desenhar uma visão contemporânea de comunidade que vá para além dos modelos instituídos pelas instituições religiosas, políticas e familiares.

A amizade é uma força subterrânea que atravessa a minha obra desde há muitos anos. Com este projeto existe o desejo de expandir essas afinidades para lá do humano, propondo uma amizade que possa incluir outras espécies, paisagens e mitos. 

What is, or can be, a saint today? serves as a driving force for reflection on forms of ethical, spiritual, and communal resistance in the face of the multiple crises of our time: ecological, social, affective, and political.

An artistic research project that stems from the question: What is, or can be, a saint today? The question, echoing a quote from Simone Weil — “Today being a saint is not enough. It requires the holiness that the present moment demands, a new holiness, unprecedented in itself” — serves as a driving force for reflection on forms of ethical, spiritual, and communal resistance in the face of the multiple crises of our time: ecological, social, affective, and political.

The project is situated within a transdisciplinary artistic practice crossing performative lectures, writing, ceramics, drawing, and installation, and investigates the ways in which the sacred, the animal, and the territory intersect in contemporary forms of existence and creation.

Officially initiated in May of this year with the exhibitions Agonia no jardim (Estúdios Victor Córdon, Lisbon) and Gemido sobre as pedras (Livraria Aberta, Porto), it marks the beginning of a new cycle in my trajectory: a temporary departure from performative practices and a closer approach to material gestures and studio work — notably through writing, ceramics, and drawing.

The idea of a possible community of saints — not as canonised figures, but as examples of resistance, dedication, deviation, and disobedience — serves as a speculative and imaginative engine. I think of them as activists, caregivers, dissidents. I also think of animals, plants, marginalised bodies. I aim to deepen this research through writing and other possible practical experiments, attempting to sketch a contemporary vision of community that goes beyond the models established by religious, political, and familial institutions.

Friendship is an underlying force that has traversed my work for many years. With this project, there is the desire to expand these affinities beyond the human, proposing a form of friendship that can include other species, landscapes, and myths.